Archive for junho, 2011

Vagando, passos curtos, cansados, pés machucados e com cicatrizes recém-curadas.

Escuridão, vazio, oco.

Anda em direção à algo que não se sabe. Há um fim? Existirão buracos pelo caminho? Simplesmente continua, em busca de um “sei-la-o-que”.

Me sinto perdida, não sei muito bem o que vim fazer aqui. Acho que é normal do ser humano questionar sobre a sua “missão” nessa “coisa” chamada vida. Sempre precisei sentir, seja dor, seja alegria…é meu combustível, quase um alimento pra alma naturalmente insatisfeita, que necessita constantemente estar sentindo pra aparentar viva.

Esse mistério do que estar por vir é excitante e assustador. Quando há estabilidade demais gera um terrível incômodo. E como um ser frágil, quase desfalecido, buscando ar pra preencher os pulmões debilitados, meu subconsciente produz um terremoto pra sobreviver, que apesar de trazer consigo consequências nem sempre boas, no fim, há risos e um prazer inigualável. Alerta, to viva.

Muita força, energia, intensidade… tamanha que o corpo quase nunca suporta e se sente exausto. Como canalizar à fim de ser produtivo, positivo e estimulante? É o que eu me pergunto diariamente…

Já tentei recorrer a vários métodos, válvulas de escape, para aliviar essa ansiedade que assombra. Algumas tentativas bem sucedidas, outras nem tanto, por isso continuo buscando alguma coisa pra preencher. Falta descobrir o que é.

Infelizmente sou mutável demais. Isso não é bom quando se tem objetivos e planos pois um desejo estúpido pode fazer perder o foco. Sou compulsiva, por aprender, amar, rir, gozar…

Um manual de instruções, por favor?

Justamente no dia em que foi atrás de anestesia pra quebrar a rotina, esquecer-se do stress e da falta de paciência que custuma dominar. Parece que a alma estava pressentindo o que viria, mas ao em vez de buscar consolo, foi atraída pela vontade de sentir mais dor -inconscientemente – se ferir. Auto-punição. Masoquismo em evidência. Forma de fugir da realidade, alívio.

Já não estava mais em seu corpo, creio que ambos. Talvez aquele momento foi igual para os dois, porém seguiram caminhos diferentes: um em direção ao eterno descanço; outro em direção a dor, a carne, a realidade.

Pelo menos compartilharam um último momento juntos.

E agora? Ela e sua mania de fazer papel de vítima, eles de culpá-la por tudo, como se estivesse SEMPRE errada, a vilã da história. Isso não justifica todas as noites que não estiveram presentes, todos os abraços que não foram dados, a falta de toque, de troca. A melhor defesa é o ataque. Não assumem as cicatrizes que deixaram. Todos erram.

Apedreja quem a faz e a fez sofrer. Não quer por perto. Não faz parte disso, nunca fez. Sempre se sentiu deslocada, diferente. Não há mal algum nisso, já que essa diferença mostra que busca outras coisas além de matéria.

Ingratidão? Talvez. Quem sabe um sentimento acumulado de raiva, ódio. Revolta.

Peca, como todo ser humano. Não é de ferro para assumir a culpa de todo um círculo que infelizmente faz parte, não por escolha, mas porque foi decidido assim.

Agora chora. Quer se ver livre, longe.